Depois de três demo-tapes que colocaram o Repolho no mapa do underground brasileiro os anos 90 e apresentaram o rock de colono para além dos limites curtos do oeste catarinense, eis que o Repolho chegou ao primeiro disco.
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Showbizz, ed. 152, março de 1998 |
Um disco de rock, mas que não se prende às marcas de estilo. Passeia por referências geograficamente próximas, tais como DeFalla, Graforreia Xilarmônica e Teixerinha, nominalmente citados da hilariante “Guadalarrara”, mas se mostra aberto para outras interferências, principalmente quando estas se encaixam nas características de quem se encontra no elo entre a permanência da tradição rural e a insistente contemporaneidade urbana de interior, da qual ‘rock de colono’ consegue ser uma tradução bastante humorada.
O samba torto “A fossa nova do astronauta” faz citação “incidental” ao hit “Papel machê”, do João Bosco, tente não rir ao desvendar a adaptação da vocalização original. O rap “Chapecó” presta tributo pouco elogioso à cidade natal do Repolho, enquanto “Funke tchuca” traz linguagem localizada de alto teor alcoólico. O álbum traz mais outras ótimas canções, como "Bunitinho", "Lasanha", "Tiquitita duque mellow]" e o reggae "Uêra uê"
“Vol. 1” foi lançado apenas em CD pelo selo Grenal Records, propriedade fonográfica independente com apenas dois discos no catálogo, capitaneada pelo produtor do disco, Marcelo Birck, produção dividida com Thomas Dreher.
Uma produção não convencional, na qual a fidelidade de timbres e execução perde espaço em meio a colagens, ruídos de fundos e possibilidades de virar arranjos pelo avesso. Uma constante troca entre elementos kitsch e cult que no final dão num disco muito divertido.
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